E assim foi:


Ela. Sempre sorria das minhas piadas, sempre cantava minhas músicas, sempre ouvia aqueles problemas que dão voltas e voltas. Me guiou. Ela contava seus problemas como quem conta suas conquistas. Mesmo com seu pés cansados, sua voz rouca e seu braço machucado ela não derramou nenhuma lágrima na minha frente.
Ela. Sabia o que era o bem e o mal, mas por dúvidas, escolhia sempre o meio termo de todas as coisas. Simples e nada delicada. Cantava como um rouxinol livre e outras vezes era silênciosa como um peixe de aquário. Com toda aquela água contida, que vinha a tona quando a bebida quente corria em suas mãos.
Sempre foi assim.
Ela. Escolheu pouquíssimas pessoas para lhe ouvir, e assim escolheu a maioria erroneamente. Ela, se conserta só. Como um pássaro negro que pega seus olhos fundos para ver, ou suas asas quebradas e começa a voar.
Sempre foi assim para Ela.
Por quanto tempo ela quis apenas encostar a cabeça num travesseiro e dormir? Mas eles correm dela como o fogo da água. Por que na sua cabeça há muito mais que borboletas, zebras, vagalumes e contos de fadas.
Sem infância, sem adolescência, sem maturidade, passado, presente ou futuro. Era pra ser apenas Ela.

Perto do céu

Imagine um telhado. Não um telhado normal, onde gatos fazem festa à noite. Nem um simples telhado que tem apenas função de abrigar. Mas um telhado que expande caminhos, contrai os medos e libera a mente.
Não precisa de muita coisa. Só mais de uma cabeça, mais de uma boca. Só precisa de idéias, de atitudes. Precisa de um céu, independentemente de como ele esteja. Precisa de tempo, por que minutos se tornam horas. Precisa ser leve como uma pena e resistente como uma rocha.
Ah, o telhado. O lendário telhado. Em uma noite, ele deixou de ser simples concreto e ferro, para se tornar nuvens e escadas para outra dimensão.
As palavras escorrem pelos dedos e correm para as pernas. Se quiser cantar, pode. Se quiser silêncio, apenas se cale. Se quiser pular, pense. Se quiser dançar, chame o outro. É como estar no topo do mundo. É como estar mais perto do céu. Depois de um tempo, parece que a Lua e as estrelas estão do seu lado, enquanto seus pés balançam no ar. E se quiser fazer fumaça, traga seu triângulo.
É quente e frio. É doce e amargo. É suave e intenso. É diferente do que se pode pensar e igual ao que se pode imaginar. O lance, é sentir.

Welcome

Bem vinda a sua própria casa. Eu sei que parece que você sempre viveu aqui, só que a história que eu fiz em uma semana você não fez na sua vida. Pode se sentar, tire seus sapatos. Aqui é sua casa. Quer sentir como o chão está frio? Quer que eu abra as janelas pra ventilar? Eu abro, afinal aqui é a sua casa.
Dê uma olhada em volta, o que você nota de diferente? Aliás, o que você ver de diferente além da cor da casa? Olhe quem está dentro dela, quem lhe fez um café e lhe esperou aqui. Você ver? Olhe que os lençóis estão esticados e há novas cortinas. Bem vinda a sua nova casa.
Você pode ver que a planta deixada aqui deu fruto? Que há folhas em todo vazo e flores com perfume?
Pare de procurar os defeitos que são bem mais nítidos em você! Você está em sua casa. Cuide para que seja bem vinda nela.

Heaven and Hell


Ele tinha a medida certa entre o bem e mal. Entre o pecado e a santidade. Um Demônio em forma de anjo ou o contrário.
Era estranho como ele conseguia me mostrar o bom e o ruim ao mesmo tempo de uma forma tão simples, tão única. Ele vinha e sacava meus lábios e depois os mergulhava em um oceano do mundo que ele escolheu pra me levar.
E eu que fiquei sem ação, e eu que calada, paguei pelos lábios cerrados. Consenti e senti todas as coisas.
Não precisava de muita coisa para me enfeitiçar de tal forma. De repente eu só segui aqueles olhos vermelhos e pronto. Ele falava coisas que ainda sussurram no meu ouvido.
Um padre possesso. Um Demônio convertido no cristianismo.










Ultilidade Pública


Quando você anda por entre uma multidão de pessoas, não importa muito o que elas são, as idéias que passam nas suas cabeças e suas histórias de vida. O respeito e a curiosidade geralmente se guardam pra quem se conhece. Você querendo ou não, você é frio e insensível, e pode até não ser sua culpa, mas você é. Digo isso por que nos deixamos de nos preocupar com o próximo com medo do que ele pode ser ou até por simples prepotência.
Porém nos últimos dias, de alguns lugares que menos imaginei, vi o mundo se mexer assim como o solo, pra ajudar irmãos. Pessoas que eles nunca viram, nunca ouviram ao menos a voz, alguns nem sabem de onde são, pessoas que nunca lhes contaram as histórias de suas vidas e nem suas idéias. Pessoas que não são próximas e talvez nunca saberão de quem veio a ajuda.
Isso aconteceu como simples comoção, como se um bloco de gelo colocado sobre o planeta derretesse.

Me refiro à mobilização do povo em relação ao Haiti. Como há muito tempo eu não via, as coisas agiram de forma sincronizada: a mídia avisa, o governo faz sua parte, a população faz sua parte. Há muito tempo eu não via pessoas deixarem de lado um 'reality show' para observar o que acontece fora de casa. Espero também que essa nova visão mais altruísta do povo se vire para o nosso país, que também precisa de olhos bem atentos para coisas que nos são vedadas pela ignorância.
Sendo assim, percebi que ainda temos solução para nós, que ainda poderemos, quando velhos, olharmos para trás e ver que o mundo se tornou melhor por nossa causa, por nossa mudança.


Ajude o Haiti.

Doe 5 reais!

Doação de roupas e suprimentos:
Pátio Brasil, Aeroporto, Embaixada do Haiti e Banco do Brasil.
(Distrito Federal)

Doação em $
O Site é em inglês, mas é de fácil acesso.

Doação em $
Banco do Brasil: SOS Haiti, agência 1606-3, conta 91000-7.
(Associação de Mulheres de Militares)
Para doar na associação, o telefone de contato é:
(61) 8172-8468.




Pecado

Ela chegou ainda com o mesmo vestido na velha igreja. Ela disse que precisava confessar, disse que precisava falar por que sua cabeça pesou. E depois de algumas prensadas da Maria, ela resolveu expor isso para o Padre que estava ajoelhado na frente de algumas imagens. Nada de estranho por enquanto, ou pelo menos até ela começar a se confessar.

Então ela disse:

- Ele tinha mãos quentes e uma boca quente. Ele parecia renascer em cada toque. Ele dizia "tudo bem", enquanto me mostrava sua cara bem convidativa. E ele mordia meu pescoço e me tirava o ar. Sei que depois de horas a fio, o Sol já estava voltando para seu lugar. Não importa o que foi dito, se algo foi dito. O que importa é o que fiz. Deitei-me com um Demônio. E me entreguei nisso e fui além do que eu podia imaginar. Eu provei do inferno a pior dose e do céu a maior viagem.

E o Padre respondeu:

- Onde um Padre confessa que é um Demônio?

Rascunho

Por que escrever? - Ele perguntou.

E eu me pus a pensar e meditar sobre isso, então segundos se transformaram em minutos, que se transformaram em horas... e comecei a escrever. Aí que vi que a escrita não era mais nada além do escape, de expandir as idéias tão comprimidas. Por que acho que Deus criou a cabeça sobre todo o corpo para que as idéias escorressem por ombros, braços e dedos. Transformassem-se em palavras que fariam nascer novas ideías. Ou não.

Enfim, talvez essa seja a forma que eu encontrei o que não achei em lugar nenhum. Liberdade para que me conheçam, como sou por dentro e não quantos centímetros tem meu quadril. Obrigada aos que acessam o "Valentine Day". Aos que voltam, aos que comentam, aos que leem e vão embora, aos que entram aqui por passagem.

Lembre-se

Tomei coragem

Lembre-se de me prometer ajuda num pedaço de papel, de estar ao me lado independente de tudo, de me prometer loucura compartilhada, lembre-se do show dos 'armas e rosas', lembre-se de cantar num barzinho à noite, lembre-se do Sol nascer de uma brecha, lembre-se de café sem açúcar, lembre-se de jogar pneus pela rua, lembre-se da pedrinha azul, lembre-se do 'Senhor dos Anéis', lembre-se do dente-de-leão 'dinossaurástico', lembre-se de carros amarelos, lembre-se de hidrantes pontudos, lembre-se de água com gás, lembre-se de balanços quebrados, lembre-se de não dormir até o meio-dia, lembre-se de velhinhos fazendo corrida, lembre-se de sapos cantando, lembre-se de neblina, lembre-se de um capputino seguido de sorvete, lembre-se grandes filmes, lembre-se de grandes músicas, lembre-se de perguntas não respondidas, lembre-se de suas promessas. Lembre-se principalmente de quebrá-las. Lembre-se de partir meu coração, de novo.
Pessoas verdadeiras?

Eu adimiro

Quantas vezes ela não sentiu seu coração menor que um amendoim?
Quantas vezes ela não quis fechar o olhos e não voltar mais a ver?
Quantas vezes ela não ficou esperando?
Quantos noites em claro ela ficou só, acordada, esperando por um palavra só?
O que ela não fez por outras pessoas?
Por quanto tempo ela protegeu o nome dele?
Quantas noites ela não quis esquecer?
Quantas lágrimas calaram a voz desse pequeno roxinol?
Quantas vezes ela não ouviu problemas, tendo tantos problemas a contar?
Quantas vezes ela viu pessoas que ela ama, virarem as costas?

Mas eu ainda adimiro os sorrisos que ela me dá de graça, as piadas nem sempre bem sucedidas, a forma que ela faria qualquer coisa por mim. Ela me facina.


- Pelo menos eu poderia escutar isso de alguém

Um Eterno Amor


As pessoas me perguntam qual meu relacionamento mais duradouro. O mais intenso e o mais apaixonante. Em 2007 ela veio até mim e eu até digo que já reconheci ela de algum lugar. Foi dada pra mim de graça.
A música tem um poder de melhorar meu dia. É como se as cordas, as baquetas e palhetas me dissessem: "Bem, eu sei que você andou muito tempo, venha e descanse em mim, não precisa se segurar mais, eu seguro você". Eu sinto isso.
Por poucos minutos, eu sinto como se eu não tivesse num frio lugar, eu sinto como se o mundo fosse realmente bom, como se todos os meus sonhos fossem realmente se tornar verdade.
Tem gente que relaciona música à pessoas. Pra mim, vejo pessoas como músicas. Algumas, são agitadas e outras, num sussurro me contam segredos. Outras só querem ser amigáveis e ainda tem as que me levantam e enfim, as que não me importam.
Boa música, boa música... Me devolve o ar quando ele falta, relaxa meus ombros, me faz dançar, me diz o que eu preciso ouvir. Me abraça, sim ela me abraça. Quem nunca sentiu isso?
Não preciso ouví-la no volume máximo ou saber cantar todas, nem mesmo entender o que se diz, às vezes a melodia tem falado mais alto.

Dias de guerra

Esses dias eu fui conhecer novas culturas.
Fui ouvir músicas que nunca tinha ouvido.
Ouvi uma música que tinha essa frase:
"Soldado solitário, vá para casa..."
Eu ouvi a música umas 20 vezes,
mas parece que eu só ouvia essa parte.
Ainda ecoa na minha cabeça.
Eu ainda posso ouvir até as cordas do violão vibrarem.

Me sinto assim, boa parte do tempo
Sinto-me como se eu tivesse
lutado numa guerra, por tempos e tempos
e agora, tenho que ir pra casa.

Mas como vou poder descansar minha cabeça
num travesseiro, se o único lugar que não sou
bem vinda é minha casa?
É como se eu estivesse numa guerra entre paredes por erros
que cometi no campo. E são realmente erros?

Eu procuro um lugar pra descanso
Onde eu possa viver em paz
Eu procuro isso em todos os lugares
E não acho em lugar nenhum.

Ambíguo

Faça assim, dessa forma.
Faça-me sentir em casa.
Toque seu instrumento e me faça voar.
Sente no chão comigo e vamos rir um pouco.
Vamos falar de quando éramos crianças.
Da felicidade que tivemos em crescer.
Vamos sair por aí? Não precisa ter um destino.
Sorria pra mim com seus olhos e eu sorrirei pra você.
Cante uma música nova pra mim, que eu não conheça.
Venha, vamos ver os meus discos e adivinhar qual música está passando.

Aí eu faço café e a gente pode tomar com pão.
Ou a gente nem toma nada.
Vamos ver cenas e fazer mímica,
E nos despedir com uma dor no coração.
Mas ok, amanhã você volta.
Ou a gente se bate por aí.
Ou a gente se encontra por aqui.
Mas vamos repetir o novo.
Vamos criar o velho.
Venha descobrir o que há em minhas mãos
Que eu vou descobrir o que você guarda no bolso.

Por que eu sei que há um mundo novo e velho
E eu não te deixaria agora
Não agora.
Não nunca,
Se tiver tudo bem.
Eu farei você rir, e não só rir.

[...]

Child in time

Ela tinha um relógio
Um simples pedaço metálico virou um símbolo
Virou a marca da garota se sempre esperava pelo tempo certo.

As batidas dos ponteiros
Ecoavam na sua cabeça.
A música está alta, pessoas falam,
tem um vidro de vinho na mão dela... mas ainda há um eco em sua cabeça.

Suave... Firme... Tic... Tac... Tic... Firme... Suave... Tac...

Ela fala só
Ela anda só
Ela está dentro de uma casa com muitas pessoas
Ela está numa festa, mas ela está só

tic tac tic tac...

Salto do prédio


Se todos os seus sonhos desaparececem com a fumaça do cigarro?
Se você sentisse muito frio, sem nenhum cobertor?
Se todos os seus músculos estivessem doendo pelos espinhos que outrora os cortaram?
Se seu sorriso tivesse ido embora?
Se seu herói tivesse morrido?
Se caminhar não te faz mais chegar em lugar nenhum?
Se suas mãos estivessem cortadas?
Se seu coração estivesse fraco?
Se as idéias que você formulou se perderam?
Se aquela menina fosse embora com malas cheias?
Se aquele garoto nunca mais te olhasse?
Se a sua família esquecesse você?
Se falassem que não sentem sua falta?
Se suas palavras tivessem morrido?
Um alto e espelhado prédio começa a te parecer atraente, tanto quando uma taça de vinho. Se você saltasse, seus problemas estariam resolvidos? Se você saltasse, entraria em outra dimensão? Se saltasse, se saltasse...
Por que as pessoas querem acabar com as suas vidas?
Por que as pessoas querem acabar com as suas vidas.