Um dia sem você

Abri meu coração pra você e você não abriu.
Pedi por favor e você fugiu.
Eu também fugi.
Chorei, chorei.
Me esqueci de mim.
Em casa fiquei pensando em você.
Chorei, chorei que fiz um balde encher.
Passei a noite a chorar, fiquei tão angustiada que fui ao bar.
Conheci um homem e estou feliz desde ontem.

Anna Cecylia 20-07

Mentiras pra você


 Foi por acreditar em seu mundo de cores que Camila acabou pagando pela sua fé. Foi por crer em palavras ditas em euforia. Por crer em olhos amarelos jurando eternidade. Por crer em lábios ternos um amor adolescente. Por crer em olhos puxados quando lhes prometeram as estrelas.
 Foi por acreditar nas palavras de um certo andarilho que ela abriu os olhos para a realidade. Suas pupilas dilataram, seu olhos doeram, sua cabeça sacudiu e o ar faltou quando viu todas as cores vesti-la de negro. Foi por acreditar que tudo o que tinha passado era num tom de amarelo-dia-de-sol que viu suas noites se tornar cinza-cor-de-coração-pesado. O seu mundo tinha sido apagado com o látex da covardia de um andarilho leviano. Um pouco de bebida, umas notas jogadas na rua, uns trocados no bolso, uns dias imersa na água... Tudo aos poucos foi levando seus pés para a beira de um precipício que ela nem viu subir. Foi por acreditar em encenações tão bem feitas, que começou a se encantar pelos palhaços que passaram pela sua vida. Achava engraçado como os palhaços pareciam querer salvá-la sempre, mas não sorriu quando os dois deram as costas para ela.
 Foi por acreditar que as coisas são como ela vê que seus olhos não vê nada além do seu teto cinza hoje. Sua proteção está mais grossa agora e parece virar uma castanha de tão dura a casca. Impenetrável, incorruptível, inconsolável. Os cabelos soltos cobrem o rosto amargo e o cigarro desfaça as palavras pesadas. E então foi dado o golpe final, a ultima cartada, o tiro na nuca. Com seus pássaros veio quem parecia ser esperado. Foi concebido enquanto o seu campo florescia, enquanto os campos estavam brancos de algodão. Foi gerado com fogo, com liberdade, sem medo. Foi escrito nas costas suadas com as unhas dos quatro dedos dela.  No balanço triste e profundo do blues, no sexo do rock, na levada do samba, nasceu o que ela não podia acreditar, não podia, não, não, não. Saiu de entre as feras, a peste mais forte, mais sensual, mais perspicaz, fazendo-se de todas as formas o mais parecido com ela, rodeando antes de devorar teu corpo, antes de correr suas entranhas com seu leite.
  Ela acreditou em promessas ciganas, em palavras secas. Viu seu corpo afundar e emergir centenas de vezes antes de perceber a realidade, e como uma dançarina ela veio, como quem não quem não quer nada, ajeitando o ombro no queixo, fazendo seus passos lentamente, até que a tirou pra dançar. Nessa sua dança, Camila girou, rodopiou... Até que caiu. Seu talento escorreu pelas mãos, sua voz se esvaiu, perdeu seu parceiro e o resto de coragem que tinha pra olhar no espelho. Agora um novo futuro será traçado.

Se fosse verdade


- Eu... Eu ainda não sei o nome dela, mas ela é como daquelas mulheres que não se esquece. Daquelas mulheres que olham nos seus olhos no meio da multidão e por alguns segundos consegue deixar sua visão turva. O corpo adolescente e uma mente fantasiosa, ela engana com a língua aqueles que não vêem seu coração. Não se rende fácil e costuma observar o abismo da ponta. Ela atrai os inimigos e costuma sempre cutucá-los com suas palavras ardentes, sem se importar muito com o que pode ou não acontecer. É daquelas que derruba o copo no chão sem olhar ou evitar.
  Por fora, ela é exatamente o que precisa ser: alguém que devolva palavras piores, com seu escudo maior que a batalha, decepando a visão dos inimigos guiando-os para o que acreditam ser. A aparência de filmes escuros, a voz de um dragão, a impureza e indolência. Sem dó, sem pena, sem conseqüências, ela baila em calçadas levando seu corpo aos limites mais altos sem esperar que haja mãos para apará-la no ar. Coleciona mentiras e desamores, distribui desaforo e socos. Uma garrafa de cachaça... Uma dose a mais... E seus leões fazem a guarda de sua casa vermelha. Sai armada até os olhos para prevenir feridas que nem sabe se vão se formar.
  Seus pais já não se importam onde dorme o que come ou quais drogas já se viciaram nela. Pra falar a verdade nem sei quem se importa. Ela entrega seu coração para quem é tão leviano. Seus segredos para os que disseminam o mal e seus problemas em forma de conselhos.
  Mas eu a vejo. Sempre a vi. Vejo seus porquês e entendo seus atos. Já trilhei pelo caminho que seus pés andam, já bebi da água que ela bebe e sei como é manter o rosto pintado para alegrar e desagradar outrem. Só por isso, meu coração ainda palpita em vê-la correndo para braços cruzados, se dando para quem nada quer, andando com quem não caminha com ela.
  Deus? Pra ela é como um amigo que vira as costas. Amor? É o que a deixa fraca e quase que invertebrada. Ela ainda assim, protegida por uma fajuta tinta, ver esse mundo de guerras e batalhas como poesia, como música. Pra ela ainda há uma paixão infinita num copo de vidro. Há amor em sacos plásticos. Há verdade em palavras molhadas de chope. Meia-noite como em conto de fadas, o encanto termina e ao abrir os olhos num quarto dado por um favor, ela olha pro teto durante horas, enquanto o ventilador resseca seus lábios, ela pensa, eu sei que pensa... Quem poderá estender a mão para tirá-la dali?

Quatro contra uma

A música, a dança e o fim.
  Começava tristonha, como um blues embriagado. envolvente e quente, com solos sutis de uma guitarra elétrica e com a marcação muito bem feita da bateria. O baixo dançava lentamente com a guitarra. Então, aquela voz que acostumou-se a gritar tanto em meio seus desesperos e noites boêmias, agora tem um só tom. Fala como se estivesse de frente para o espelho em dias difíceis. O barulho que estava lá dentro se rendeu à essa voz que ainda não tinha uma origem certa. Parecia que estava vindo de dentro da sala, parecia que estava apenas usando a casa como um mero retorno. Indiferentemente disso, a música transtornou sua cabeça. Encheu seus olhos de sangue, a raiva de vidas passadas voltou a tona e como dois pólos positivos o que antes se atraia agora se repele mutuamente.
  Cercada de interrogações e de reprovações, teve que fazer uma escolha em deixar de ser o que sua vida pregressa lhe ensinou a viver. Deixar seu lado frio e agressivo, trancar dentro de si todos os leões e suas aranhas para deixar que seus pássaros pudessem voar. Soltar a coleira das panteras que guardava em si e vê-las correr no pátio como gatinhos indefesos. Colocar no chão, parte por parte de toda a sua armadura, todas! Com cada uma das marcas de suas inúmeras batalhas, despetrificar seu coração, encher-se de gozo e aceitar-se vulnerável. Ou, muito mais facilmente, manter em si todos os seus artifícios sem para uma vida que tem hora certa para acabar, para que não tenha o pretexto de não ter força pra peitar fulano ou ciclano. Pra bater de frente com o que puder e se morder de medo pelos seus quatro medos, que mesmo vencidos, ainda perturbavam seu mundo. Deixar as lembranças de lado e se entregar numa nova era. Deixar a segurança de reviver mil passados, sofrer as mesmas dores e se entregar na insegurança de viver o novo e desconhecido.
  A música agora está morna. E as lembranças dela estão passando no seu rosto. Ela se desespera, coloca a mão no rosto como se enxugasse águas de um rio dos olhos, cerra os olhos firmemente e tenta esquecer. Seus medos saem todos para tentar lhe ajudar. O coelho agora como seu verdadeiro espelho segura pela a mão e tenta mostrar que nada disso é verdade e que tudo pode ser sentido diferente se usar um pouco mais da razão. O que chorava agora rir sem mais, embriagado de lágrimas e rancor, rir sem parar. Uma baba espeça e esbraquiçada corre dos cantos de seus lábios, tamanho fervor da risada. O terceiro medo, levanta-se do sofá rapidamente e a abraça, tenta trazê-la para dentro de sua casa, com o cheiro de sua casa, com um rosto pintado de cilada, ele tenta fazer com que os outros medos. O desespero visto naqueles olhos cor de vinho sobresaí qualquer desespero de vietnamita em tempo de guerra. Ela se vê derreter dentro de si repetidamente, a prisão é sua mente, seu corpo já não é seguro, escrava de sua mente. Está pequeno e claustrofóbico. Impossível de se respirar. Ela olha e vê seu mais temido medo, sério e calado, frio e sem dor. Ele vira-se e vai embora lentamente, como quem pede para ficar. Ela tenta gritar, mais um de seus medos tampa-lhe a boca, sufoca seu pedido de socorro, enterra suas emoções. E nasce em suas costelas, uma marca a mais, mais uma parte de sua armadura se cria.

Quatro contra uma

  
  Ela chamou todos os seus quatro medos para uma conversa. Marcou com todos os quatro no mesmo lugar, no mesmo horário, isso contando com o grau de atraso de cada um. Ela preparou o lugar com as coisas preferidas de cada um. Levou cachaça, rock, alguns livros e filmes, violões. Separou delicadamente uma porção de músicas para que eles pudessem entrar no clima da conversa. O aroma não poderia ser diferente, todos não escapavam do forte cheiro que ela exalava, então quanto a isso, tudo estava acertado. Velas. Uma infinidade de velas. Parecia uma igreja em dias dificeis de tantas velas espalhadas, pelo chão, pelos móveis, em cima e embaixo de todas as coisas. Se eu pudesse contar, diria que tinha uma vela para cada palavra.
   Como planejado eles chegaram todos juntos. O problema de seus medos era não enxergar uns aos outros. Cada um se via ali como se fosse exclusivo, dono da cabeça dela. Como ela esperava, cada um se acomodou na sua forma de existir. Um sentado numa cadeira de madeira com detalhes que lembram muito móveis reais, com pernas cruzadas, um lord dentro de um copo pequeno. Outro, sentou-se no sofá, como um amigo de muitos anos, alguém que conhece sua casa, alguém que é parte da casa. Outro, em pé, esperava o momento certo para se sentar, tudo calculadamente pensado e planejado. O último ficou do lado de fora.
   Ela os olha e sente seu coração palpitar em dor. Sabe o que vai falar, sente o que vai falar, planejou isso e até escreveu sobre, mas nesse momento, o silêncio parece cair tão bem, como cortinas em uma janela. Ela então entona a voz, afasta os cigarros e começa a falar. Primeiramente para o que se sentou primeiro, para que também vá embora primeiro. Olha no fundo de seus olhos e vê o amigo que sempre quis ter, uma versão de si mesma.
 "Reza a lenda que você me deu um nome e que esse me tornou o que agora sou. Reza a lenda que o final não é para nós e sendo assim, esta conversa é apenas uma das mil que teremos diariamente. Reza a história que seremos sempre assim, com todos os espinhos que você viu em mim."
  Ele se levanta e a abraça ternamente com um misto de amor, paixão, desejo e cumplicidade. Transforma-se em um coelho e senta-se perto os pés dela. Um medo já tinha sido vencido, deu o braço a torcer e deixou seu desejo de lado para trazer o companheirismo à tona.
 Ela então vai ao que estava em pé, para que antes que ele se achegasse, colocasse ele de volta ao lugar que pertencia. Na minha visão, com essa ela foi mais dura, me deu um misto de sensações. Parecia que ela não o queria nunca mais, estava decidida à viver sem ele, ao mesmo tempo em que ele parecia lhe dar segurança e liberdade. Ela de pé, pegou no colo o coelho e disse em voz alta, como o tom que tinha quando brigavam:
 "Ora, meu amor, onde foi que você se perdeu? Onde nesse caminho que você me deixou? Onde estão tuas asas, meu bem? Por que agora você se esconde atrás de asas de metal, sorrisos de madeira e um coração de plástico? Erguer teu corpo em sacríficio ao nosso deus não é e nunca foi prova maior de teu amor. Vejo de longe o quão vazio está tua boca, em vista do que um dia fomos. Você veio, como diria o profeta, meu deu um pouco do seu amor, conversou comigo e disse que voltaria amanhã. O amanhã vai e volta e seus pés não se chegam mais em mim. Não há calor em ti e nem mesmo leveza. Tudo o que voava agora só se faz gélido e triste. O que houve com teu coração resfriado de tanta ventania? E quando que sua cabeça congelou?"
  Ele se tremia do alto da cabeça à planta dos pés como se estivesse possesso. Seu corpo se contorcia em ódio e seus olhos puxados estavam puro sangue e cólera. Ele fechou os punhos e contra a parede arremessou todo seu braço, abrindo um buraco entre tijolos e cimento. Depois, viu que seus dedos já não respondiam seu corpo e os tendões já tinham estourado. Ele se sentou no chão como um menino e colocou-se a chorar. Ela o olha com desprezo e dó. Um medo que ela tinha vencido, transformando-se no medo dele.
  O que estava sentado no sofá como um velho amigo, ficou olhando para ela falar coisas com ninguém (lembrando que os medos não podiam se ver), foi logo falando:
 "Quando foi que eu me perdi? Oras, quando você me deixou! Eu quis você e você foi logo marcando outra opção, me deixando só e fechado. Eu me perdi sim, mas só eu me encontrei, quando vi que você também estava só. 'Cê sabe do que eu to falando, eu sei que sabe. Eu posso ver sua cara de espanto quando eu começo a ver você por dentro. Eu ainda a quero, como quero todas as outras, como eu nunca quis ninguém. Eu não quero me acostumar com você, quero me apaixonar por você e te ver apaixonada por mim. Vou cuidar de você enquanto vou tirando sua capinha fajuta..."
  Ele continuou seu discurso por horas. Um única voz dentro do silêncio. Ela o olhava e o mantinha no mesmo lugar. Ela não o quis vencer, nem mesmo trazê-lo para perto. Ele era o medo que ela gostava de ter, uma pequena porção de realidade no seu mundo tão caótico com formas e cores em movimento tempo. Nisso tudo ele era a parte cinza e concreta do mundo abstrato dela. Ainda assim, leve, solto, livre. Ela o manteve no sofá, mas sua atenção se desviou bruscamente para o que lhe esperava lá fora.
  Estava frio e escuro. Tudo o que se podia ver eram brasas de um cigarro ilegal acesas e vermelhas, tal qual o seu cabelo. Ela deixou o coelho e o lugar, foi lá fora pra fazer seu ultimo ato, esse ainda não planejado. Suas pupilas se acostumou com o escuro e a fraca luz que resistia à distância consegui chegar a sua face gorda. A iluminação estava perfeita. Se via as curvas dos rostos e nada mais. Ela olhou nos olhos do seu medo mais cruel. Cruel por trazer a tona todas as suas lembranças mais mesquinhas e covardes. Cruel por fazê-la necessitada daquele mal. Ela o olha nos olhos e não entende ainda como atacar e muito menos como se defender. A fumaça alimenta aquele ambiente, ele não se esquiva, não ataca, não começa. Lá dentro ainda tem barulho, enquanto fora o silêncio é o cantor da noite. O tempo vai se quebrando e quando ela se ver novamente, está com os seios colados no peitoral dele. A respiração com cheiro do cigarro está na sua orelha, o calor quebrou o frio no meio. O coração dele está à mil e o dela já parou de bater. De longe se ouve uma música. (...)

bangbang





- Shiiiiii
- Que foi?
- É ela. A menina que falei.
- Quase mulher né.
- Shiiiiiii! Fale baixo.
- Certamente. Ela fez mesmo tudo o que você me disse?
- Sim. Come criancinhas, bate na mãe, ameaçou cortar a perna do pai e dá pra qualquer um. Prostituta e das piores, das que se vendem para comprar drogas. Deve ter todas as doenças do mundo. A AIDS nasceu dela. Tem cinco abortos nas costas e três filhos no orfanato...


  Oi. Meu nome é Anne. Às vezes Anne K, Anne Kawaii, Annie. Devo não prestar mesmo. Tem dias que acordo e digo pra mim mesma que não presto. Tem dias que olho no espelho e tenho vergonha do meu corpo, cabelo, nariz. As pessoas pregam muito ao meu respeito. Parece que carrego no peito um emblema que as autoriza falar, comentar e opinar sobre mim. Dificilmente desisto de minha opinião. Cabeça-dura é um termo que eu inventei. A sua religião, opinião, posição provavelmente não vão me influenciar em nada.
  Há quem diga que é carência de atenção. Há quem diga que é falta de caráter. Eu ainda não sei como chamar essa agressividade que tenho nos olhos e o veneno da língua. Não meço palavras para falar o que penso. Alguns saem feridos, outros criam o velho ódio no peito contra tudo o que penso, sou, falo, ouço.  Ainda assim eu saio deixando alguns casos de amor. As mães geralmente falam para os filhos: Se você ficar como aquela menina... Te mato!
  Eu não sou um bom exemplo e nem pretendo ser. Por muito tempo isso me foi cobrado e agora, dou maus exemplos gratuitos. Eu saio para beber, durmo na rua e estou sempre rodeada de meninos. Eu falo de putaria e uso rock'n'roll, falto o trabalho sem justificativa e coisas que não vou falar. Eu não me faço, não disfarço. De tudo não podem dizer que sou falsa. Eu não finjo e não forço amizade, não estou a procura de amor ou segurança. Sou egoísta e seletiva. A arrogância é um mau secundário, não é minha intensão. A minha reputação é maior que eu mesma. Não me preocupo nenhum pouco com meu cartaz. Prefiro até mostrar exatamente isso para os demais. Olhar todos irados, desgostosos e envergonhados com uma mera atuação é ligeiramente engraçado. Triste é quando me veem de verdade, olham através das máscaras e da embriaguez. Em 18 anos eu sou exatamente o que não queria que eu fosse e sou com louvor. Eu não abaixo a crina e não pretendo fazê-lo. Eu não sou o que você quer ver.
  Não tenho interesse em ser a mocinha da história ou a mais legal do grupo. Eu não quero muitos amigos. Eu quero os de verdade que sejam verdadeiros em todos os momentos, desde os de epifania aos de summertime, os que compreendem bem todas as fases lunares de um caranguejo tão escorpião. Não me interesso por pessoas que se prendem na minha imagem. Eu de fato não sou um bom exemplo disso. O pomo da discórdia, o prego que se destaca, a junkie. Falam de mim o que podem e o que não podem. Se eu fosse exatamente o que pregam, talvez nem vida me restaria. Eu não entendo por que falam. Ainda que fosse verdade, por que falar?
 Não me exija então, maturidade. As ocasiões sempre me forçaram à aceitá-la e para meu melhor, eu prefiro comê-la em pequenas porções. Não me exija que eu fale. Pra mim, cada pessoa é uma armadilha, até que me prove o contrário. Não me exija força. Se eu disse tudo isso é por que estou começando a tirar dos meus ombros o que já não consigo levar. Me deixe reagir à você e prepare-se. Não me exija fé. Eu não vejo esperança para mim.


Anne de Paula - Dois de julho de 2011