bandeira branca

Como criança que se afunda na banheira ou que em dias quentes se propõe a mergulhar sua cabeça na bacia de água de torneira, eu me deixo imersa nesse gostoso momento.

Eu me permito dançar hoje e dou a mão para caminhar, um só caminho. Deixo que os dias entrem pela janela amarelos e, agora, já é tão bom de acordar e preguiciar - ao mesmo tempo.

Eu vejo as luzes amarelas e as cores saltam formas de animais pra comigo conversar. As músicas agora parecem ser velhinhas e passam o dia me aconselhando o melhor.

E eu posso beber... Uma ou seis taças de vinho. Já não é rota de fuga. Agora a maçã é boa de comer até os carocinhos.

Eu me desafiei sair da concha que tanto me abrigou com rancor e dor e chumbo, e me descobri mais forte quando deixei meu interior mole se deslizar nos lençóis de manhã. Como caranguejo de andada que se esconde na areia, mas se permite ser tocado.

Com a simplicidade de quem pula na cama eu abro espaço para a vida caminhar. Ela caminha como bebê de três anos que é quase um adulto. Tropeça, mas corre contra o vento de boca aberta e língua solta.

Já nem dói o medo, já nem é grande. É pequenininho agora e só dá o frio na barriga. E o peso, hoje tem pernas e consegue andar, eu já não preciso carregá-lo. Hoje eu tenho passarinhos.

Eu cultivei, pela primeira vez, a verdade e a força. Hoje eu colho amigos e paz. Estou como criança que dorme na cama da mãe quando chega da escola: des-pre-o-cu-pa-da.

Sem tinta no rosto, hoje o meu espetáculo sou eu, em sessões de eternidade à eternidade. Sem sorriso falso, hoje meu hobbie é dançar na mão dos meus. Sem armaduras, hoje o vento leva meu corpo para o mar.

Onde morreu a bela rosa vermelha, cheia de espinhos, nasce lírios azuis cor de céu. Nasce uma nova seara, um novo campo de morangos se espalha na planície.

Mas sempre haverá café e a loucura é um prato que se come todas as manhãs com cereal. Desta feita, a loucura vem de dentro pra fora e não o revés. Mas sempre haverá café.

O que ainda me dá rasteira é o passado, mas os meus presentes sempre me segura. Eles sempre me seguraram. Até mesmo os mais desvirtuosos souberam me pegar pela mão - mas tudo tem seu tempo de cura.

Hoje já não há tristeza e a lágrimas que rolam é por saber que eu consegui e não foi sozinha. É por saber que posso abraçá-los no fim do dia. E sei o que é ser feliz por deixar a felicidade na caixinha de alguém e se alegrar pelo crescimento de alguém.

Meu ventre agora parece lar. Teu peito é o meu lar. Meus amigos são o meu lar. Meu lar é meu lar.

À felicidade, flexibilidade, amorosidade, amizade, confiança, coragem.